- Início
- Conhecer
- Património Imaterial
- Costumes e Tradições
Costumes e Tradições
-
Tradições de São João
O içar da bandeirinha na torre da Igreja Matriz
O início das festividades dedicadas a São João é marcado pelo içar de uma bandeira, na torre da Igreja Matriz, quando falta uma semana para o dia do Santo Precursor.
A Procissão
A Procissão de São João, que decorre no dia do nascimento do Precursor, é um dos pontos altos, de cariz religioso, das festas em honra do Orago, percorrendo as principais artérias do centro histórico da cidade. Conhecem-se várias tradições ligadas a este rito.
O cravo é a flor associada aos festejos sanjoaninos e era tradição atirar-se, das janelas, estas flores ao andor de São João. Reza a história que as raparigas solteiras atiravam cravos ao passar do andor e caso as flores nele caíssem, o casamento com o seu par estava assegurado. Nos dias de hoje esta flor está ainda presente pela coroa de cravos naturais que é colocada nos figurantes de São João, bem como é a flor que decora o andor do mesmo Santo. Após as festas, quando o andor de São João é desmontado e a imagem do Precursor colocada, de novo, no retábulo da capela-mor, os cravos são distribuídos pelos fiéis, que os recolhem, em cumprimento dessa tradição.
Uma outra tradição é a entrada de todos os andores na Igreja Matriz, que é feita com as imagens voltadas para o exterior, como que a despedirem-se dos vilacondenses, deixando a promessa de um novo ano e de uma nova festa em homenagem ao Orago desta cidade.
Os mastros enfeitados e o Cortejo das Mordomas
Na torre da Igreja Matriz, no adro e nas ruas circundantes eram colocados mastros, com bandeiras e cordas adornadas de flores. Os mastros simbolizavam a participação das freguesias nas festas do Concelho, fazendo-se cada uma delas representar pelo mastro enfeitado, depois pelos arcos e, também, participando no Cortejo das Mordomas.
Os cantares
A tradição mandava que, no dia do Orago, 24 de junho, após a procissão, as freiras do Convento de Santa Clara, depois de terem estas também realizado uma pequena procissão com um andor de São João, se reunissem, com pandeiretas e ferrinhos e cantassem ao desafio, com ranchos de raparigas, que ficavam do lado de fora da cerca, acompanhadas da população e de uma banda de música. Posteriormente, o rancho do Monte substituiu as freiras e o rancho da Praça a população.
Atualmente, precisamente um mês antes dos festejos de São João e, novamente, ao faltar uma semana, realizam-se os cantares ao Santo, pelos ranchos do Monte e da Praça.
São João, protetor dos amores
São João é, para muitos, considerado um santo casamenteiro, pelo que são conhecidas inúmeras tradições relacionadas com a concretização de amores e casamentos.
Na madrugada de São João cumpria-se um dos rituais mais pitorescos das festas sanjoaninas. Os casais de namorados deslocavam-se à fonte de São João, na cerca do Convento de Santa Clara e atiravam uma pedrinha que deveria cair no nicho da mesma. Se tal se verificasse, as jovens teriam o seu casamento assegurado.
Da mesma forma, teria boa sorte nas suas aspirações amorosas quem, na noite de São João, queimasse uma alcachofra e ela revedescesse, depois de colocada ao orvalho.
Fazia ainda parte da crença popular que o deixar ao orvalho, na noite de São João, pequenos papéis enrolados com diferentes nomes escritos, desvendaria o nome do eleito ou da eleita através do papel que aparecesse desenrolado.
A ida à praia
A ida à praia é uma tradição que ainda hoje se mantém, embora em diferentes moldes. Rapazes e raparigas, deslocando-se até à praia, cantavam e dançavam ao som da música, enquanto outros, ao banhar os seus pés no mar, esperavam conseguir outras virtudes.
Atualmente, na noite de 24 de junho, os ranchos das Rendilheiras do Monte e da Praça formam cortejos até à praia e desfilam nos seus carros alegóricos, cantando ao desafio.
Gastronomia
Também na gastronomia as Festas de São João se manifestam. Assim, nesta época festiva, é muito apreciado o cabrito assado acompanhado por arroz de forno.
-
Tradições da Páscoa
A Páscoa é também um momento importante para todos os vilacondenses. Por esta altura realiza-se a Procissão do Enterro do Senhor e a Via Sacra na noite de Sexta-feira Santa, a Vigília Pascal no Sábado de Aleluia e a bênção das casas de todos os vilacondenses no Domingo de Páscoa.
Na Segunda-feira de Páscoa ou Dia do Anjo de Páscoa é tradição na região de Vila do Conde rumar-se à bouça e fazer-se piqueniques entre famílias e amigos.
O Pão Doce de Vila do Conde era tradicionalmente confecionado nos fornos a lenha das casas agrícolas por alturas da Páscoa, onde a dona da casa fazia sempre uma fornada de Pão Doce. Oferecido como folar aos afilhados que, em Domingo de Aleluia, visitavam os padrinhos, servia também para «pagar» pequenos favores a quem se incomodava durante o ano ou, muito simplesmente, para reconhecer a estima que se nutria por alguém.
-
Tradições de Natal
Ernesto Veiga de Oliveira, na sua obra Festividades Cíclicas em Portugal, refere-se assim às tradições natalícias vilacondenses: "No lugar de Vilarinho, do concelho de Vila do Conde, é costume na noite de Natal estender-se palha no chão em redor da lareira, onde arde um toro de carvalho, geralmente roubado em qualquer noite anterior. É sentadas sobre ela que as pessoas comem a ceia da consoada familiar, servida num alguidar que se pousa no meio dos convivas.
Finda esta, canta-se, brinca-se, salta-se, dá-se largas à alegria de toda a maneira: os moços, enfarruscados com «surrascas» do lume, algum deles vestidos, por exemplo, com um camisão branco por cima do fato, divertem a assistência e metem sustos às crianças; outras vezes, fazem o «bicho da manta», em que uma pessoa, coberta de um pano, a imitar um animal, com os braços de fora em ar de chifres, investe contra os presentes. Em geral, correm a vizinhança com as mesmas travessuras e musicatas, e assim, enfarpelados ou simplesmente nesta disposição de brincadeira, andam de casa em casa em visitas cómicas, a espalhar o folguedo. No fim da festa, e quando o frio não é demasiado, é frequente rapazes e raparigas dormirem ali mesmo na palha, cobertos com mantas.
No Mindelo, de modo semelhante, agarrava-se um colmeiro de palha, espalhava-se esta no chão, no meio da cozinha, cobria-se com mantas, e ali se dormia toda a noite até à missa do dia seguinte, de manhã; a palha por vezes ficava assim durante todo o dia 25, e só se retirava à noite."
A ceia tradicional compõe-se de bacalhau cozido, com batatas e couves e vinho quente, que se servia com os fritos depois da Missa do Galo.
-
Feira Grande de Janeiro
As feiras e mercados foram, ao longo da história, momentos propiciadores de trocas comercias, fundamentais para o abastecimento das populações, mas também momentos de sociabilidade, de promoção das relações interpessoais e de divulgação de notícias e informações. Como forma de implantação e desenvolvimento dessa atividade, a coroa portuguesa isentava, nalgumas situações, os feirantes do pagamento de direitos fiscais sobre as mercadorias e até de portagens, criando assim as chamadas feiras francas. Esta postura foi legitimada também pelo regime republicano que manteve a maioria das feiras francas nas diversas localidades.
Em Vila do Conde há notícias da realização de feiras desde 1466 e sabemos que ainda em 1949 a Câmara tomava medidas para atrair mais gente às feiras francas de 20 de janeiro e 3 de agosto, há muito fixadas. Associada à primeira feira do ano, estava o culto a São Sebastião, santo protetor da peste, guerra e fome e também das viúvas. Houve alturas em o município instituiu mesmo feriado local, para que maior número de pessoas acorresse a esta feira. Enquadrado na sociabilidade, estava o encontro de jovens solteiros que passaram a oferecer às jovens meninas, vindas de todo o concelho, colheres de pau onde escreviam frases amorosas tentando a sua sorte.
-
Apanha do sargaço
A apanha de sargaço e uso na agricultura remontam à Idade Média. A tradicional apanha do sargaço consistia na recolha, na praia ou na beira-mar, das algas que se desprendiam dos rochedos com o movimento das ondas. O sargaço era depois estendido nas areias da praia, para secar ao ar e era aplicado nos campos agrícolas.
Esta foi uma das atividades mais importantes que se verificavam na zona costeira de Vila do Conde. Atualmente podemos verificar alguma atividade residual de apanha do sargaço nas praias de Vila Chã, onde, ainda, em menor escala, é utilizado para fertilização das terras.
-
Trabalhos artesanais com redes de pesca
Atualmente, a generalidade dos armadores dispõe de armazéns onde toda a atividade artesanal de construção e reparação das redes de pesca e restantes aprestos de pesca ocorre.
Contudo, na Praia dos Pescadores, em Vila Chã, podemos observar a realização frequente de trabalhos artesanais com as redes e aprestos de pesca.