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Indústria
Plataforma de rotação entre um dos berços da industrialização portuguesa, que é o Vale do Ave, e a planície litoral, essencial ao escoamento dos produtos industriais, o território de Vila do Conde sempre foi muito apetecível para a fixação de empreendedores.
Primeiro, as moagens proto-industriais desde a Idade Média, aproveitando-se o encerramento do rio Ave para a instalação de azenhas. Aliás, foi esta fonte de energia que fez com que aqui se viessem a fixar ao longo dos séculos vários empreendedores, sendo a área agroindustrial das moagens uma importante componente na história da industrialização do concelho, tendo já sido relocalizadas e inventariadas cerca de 100 unidades.
Em Vila do Conde, durante o século XIX e o início do século XX assistiu-se uma proliferação industrial, principalmente nas proximidades da linha de caminho-de-ferro e na zona litoral do concelho, correspondendo, grosso modo, à atual área urbana de Vila do Conde. Neste contexto surgem indústrias de fiação e tecelagem, como a Companhia Industrial e Agrícola Portuense (1880), posteriormente designada como Companhia Rio Ave (1888) e a Fábrica Ferreira & Irmão (1926). A indústria conserveira também se fez representar de forma significativa, ou não existisse no lugar das Caxinas a maior comunidade piscatória do país: Fábrica de Conservas Aviz (1937), Fábrica de Conservas Oceano (1940), Fábrica de Conservas Belamar (1945), Póvoa Exportadora (1945), Conservas S. Pedro (1965), para citar alguns exemplos. Apesar da urbanidade se começar a alastrar, edifícios como a Fábrica de Mindelo (1951), em Fajozes ou a Fábrica de Papel do Ave (1927), em Fornelo, são bons exemplos de espaços industriais inseridos em ambiente rural.
A par das indústrias citadas, Vila do Conde abrangeu uma larga panóplia no que toca às diferentes tipologias industriais, abarcando empresas como a Fábrica de Lápis Portugália (1907), a fábrica de manteiga Fructuaria de Vila do Conde (1908), a Fábrica de Sabão (final século XIX), a Fábrica de Chocolates Imperial (1932), a empresa de confeções Maconde (1979), ou mesmo a primeira e mais importante unidade de transformação de lacticínios da União de Cooperativas Agrícolas de Entre- Douro- e- Minho: a AGROS (1949).
A produção de Rendas de Bilros, documentada desde inícios do séc. XVI, poderá ser entendida como proto-indústria ou indústria primitiva, de carácter artesanal, que pode ser descrita como indústria manufatureira.
A construção naval em Vila do Conde tem também raízes longínquas. Pequenos estaleiros existiram desde que uma vocação fluvial e marítima se define na vila. As solicitações do mercado, em tempos de expansão marítima, projetaram o sector, a partir dos séculos XV e XVI e potenciaram a sua atividade a níveis até aí desconhecidos, permanecendo os estaleiros de Vila do Conde até aos dias de hoje, como uma marca identitária do concelho. O projeto “Vila do Conde: um porto para o Mundo” preconiza a inscrição das Técnicas da Construção e Reparação Naval de madeira no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Por outro lado, existem no concelho algumas indústrias com história, criando uma relação entre tradição e modernidade e continuando a laborar com bastante sucesso, sendo marcas de referência a nível nacional e internacional. Empresas como a Agros, a Imperial, a Ach Brito, a Gencoal, a Nelo entre outras.
Tendo em conta estes fatores, surge em 2005 o Projeto de Estudo e Inventário do Património Industrial de Vila do Conde, levado a cabo pelo Gabinete de Arqueologia Municipal, tendo como preocupação e objetivo imediatos a prospeção exaustiva e identificação dos vestígios e edifícios ainda existentes, promovendo a conservação e salvaguarda de imóveis e máquinas, apostando na sua valorização e sempre que possível na sua musealização.
Os visitantes poderão conhecer mais espólio de algumas empresas aqui referidas na Sala da Indústria da exposição permanente do Museu Municipal, patente no Centro de Memória e os espaços museológicos dedicados às indústrias mais emblemáticas do concelho como o Museu das Rendas de Bilros e a Construção Naval na Alfândega Régia-Museu da Construção Naval/Nau Quinhentista e Casa do Barco.
Em 2022, a Câmara Municipal de Vila do Conde dá mais um passo na promoção e divulgação deste rico património imaterial, com a sua integração no Grupo Dinamizador da Rede Portuguesa de Turismo Industrial, uma iniciativa do Turismo de Portugal.